A DeepMind, empresa sediada em Londres, fundada em 2010, devotada à investigação em sede de inteligência artificial (IA), foi adquirida em 2014 pela Google por quatrocentos milhões de libras. Porquê? O know how da empresa em questão é de vanguarda. Famosamente em 2017 a DeepMind desenvolveu um programa, AlphaGo, que derrotou um campeão mundial num jogo de Go.
De tal forma que há quem afirme que a liderança da 4ª Revolução Industrial é vastamente mais importante que o controlo do mercado petrolífero. Com efeito, ao contrário do petróleo, a tecnologia englobada por tal Revolução, que inclui a IA, gera, como acentua Bernard Marr (Forbes), dados de natureza variada (texto, imagens, som, estatísticas, etc) que podem ser replicados instantaneamente, partilhados globalmente sem esforço, licenciados, vendidos e quanto mais processados mais valiosos se tornam.
E quem lidera a 4ª Revolução Industrial? Por ora, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, a IBM e Microsoft são líderes no que toca ao patenteamento de IA: a IBM possui o maior portfólio de reivindicações de patentes de IA (8.290), a Microsoft 5.930, a Toshiba 5.223, a Samsung 5.102 e a NEC 4.406.
Ou seja, o sector privado prevalece no domínio da IA, sendo as áreas mais populares em termos de pedidos de patente: os transportes (incluindo veículos robóticos automáticos, drones e aviões) e as ciências da vida (incluindo aplicações como recolha de dados médicos, prognósticos e diagnósticos).
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É claro que as grandes empresas que hoje investem, a sério, em IA podem em breve possuir um super monopólio nessa área, havendo que perguntar se não urge criar políticas nacionais, regionais ou globais para lidar com essa questão.
Existem, é certo, certas áreas do saber no âmbito da IA em que os principais actores são, por ora, entidades públicas de investigação: tais como, aprendizagem não supervisionada, neurociência, neurorobótica e cidades inteligentes. Assistiremos, nestas áreas, à manutenção de independência académica, à cooperação entre a indústria e a academia ou à aquisição, pelo sector privado, da tecnologia em causa (tanto quanto possível). A ver vamos.
Em termos geográficos, uma quantidade significativa de investigação ligada à IA ocorre, hoje, nos Estados Unidos e na China. Os respectivos governos tendem a fornecer financiamento adequado, a emanar legislação que incentiva a inovação e a criar ecossistemas negociais benéficos. Neste contexto, a maior parte da actividade investigativa é direcionada para marketing digital, vigilância e armas robóticas.
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Uma coisa é certa, a IA terá um impacto fundamental na Quarta Revolução Industrial (4IR), que funde mundos físicos, digitais e biológicos, afectando a sociedade, a economia, a indústria e os próprios Governos, a uma escala e a um ritmo frenéticos e incontroláveis. Exemplos de IA, que há uns anos eram mera ficção científica fazem actualmente parte na nossa vida quotidiana.
Falhou, até agora, qualquer referência à velha Europa … que tem de estabelecer vigorosas políticas legislativas que incentivem o desenvolvimento da IA, sempre de forma ética, para benefício da sociedade como um todo, mas garantindo que o novo petróleo não fica nas mãos de terceiros.
Patrícia Akester é fundadora do Gabinete de Propriedade Intelectual.
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