António Câmara é professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
No dia 20 de setembro, a Ynvisible, uma empresa que produz ecrãs de baixo consumo energético, inaugurou a sua nova sede e linha de produção em Almada. A empresa nasceu no vizinho campus da Faculdade de Ciência e Tecnologia-NOVA, como resultado de uma iniciativa de investigação universitária em cooperação com a YDreams.
A Ynvisible desenvolve etiquetas inteligentes baseadas em ecrãs impressos. Estes utilizam tintas que mudam de cor por ação da eletricidade (eletrocromismo). Podem ser utilizadas para detetar a validade, a autenticidade e a inviolabili- dade de produtos. Entre os seus parceiros e clientes encontram-se algumas das maiores empresas da Europa e dos EUA.
Hoje, a Ynvisible está cotada na Bolsa de Toronto e atraiu investimento estrangeiro. Foi considerada recentemente como uma das principais empresas mundiais de eletrónica impressa, um segmento em crescimento acentuado.
A Ynvisible simboliza o papel crescente das universidades portuguesas na criação de novas indústrias que criam emprego qualificado. Esse papel é evidente no campus da FCT, onde estão instaladas trinta outras empresas.
Um número que vai aumentar significativamente nos próximos anos. A cadeira de empreendedorismo na FCT é frequentada por mil estudantes anualmente, que passam a conhecer um novo leque de possibilidades para as suas carreiras profissionais.
Após 18 anos de intensa experiência no desenvolvimento de empresas, criei o Explora, um curso complementar que pretende estimular o desenvolvimento de novos produtos e empresas. O curso converteu-se, entretanto, numa comunidade que, além dos objetivos iniciais, partilha diariamente referências relevantes para todos os que querem abraçar a inovação. Entre elas, gostaria de recomendar a leitura de três documentos essenciais:
– os textos referentes à excecional iniciativa sul-coreana para a formação, no ensino secundário, nas áreas de futuro. Uma iniciativa que devia ser emulada em Portugal;
– um artigo que elabora sobre a distinção, nem sempre compreendida, entre quem cria e extrai valor na economia de um país;
– High Growth Handbook, de Elad B. Gil, livro que reflete a experiência do Silicon Valley na escalabilidade de startups.
Jeff Bezos, líder da Amazon, dizia que se não queremos ser criticados, não devemos inovar. Procurar o novo e o diferente no setor empresarial, ou em qualquer outro, requer a superação do omnipresente negativismo circundante.
Paul Bottino, que dirige a iniciativa de empreendedorismo de Harvard, recomenda, para esse efeito, a leitura de Self-Reliance, de Ralph Waldo Emerso. Essa também é a referência que recomendo aos meus estudantes e a todos os leitores que pretendam um país vibrante e com emprego qualificado.
* Este artigo de opinião foi originalmente publicado na edição de setembro de 2018 da revista Insider