Falou poucos minutos depois de Tim Cook, o CEO da Apple, para explicar a uma plateia com milhares de pessoas como é que a sua empresa encara a inovação. Victor Luís é o diretor executivo de um conglomerado de luxo avaliado em mais de nove mil milhões de dólares.
Há um momento que Victor não esquece: quando assinou o primeiro cheque do salário da mãe nos EUA. Tinha a receber 57 dólares e 15 cêntimos. Fê-lo, pois a mãe não sabia escrever o próprio nome. “Os meus pais tinham pouca ou nenhuma escolaridade: a minha mãe não tinha, o meu pai tinha a quarta classe”, contou à plateia, que escutava atenta.
Minutos antes tinham estado a ouvir um dos homens mais influentes do mundo, Tim Cook, diretor executivo da Apple. Mas quando Victor Luís entrou em palco, ninguém arredou pé, ou não tivesse sido apresentado por outro líder tecnológico carismático, Bill McDermott, da alemã SAP, como um modelo a seguir.
“Estas experiências são a base do meu estilo de gestão, crenças e valores. Acredito muito no poder da educação, na ética do trabalho árduo e na capacidade de as pessoas melhorarem e lutarem pelos seus sonhos, e na inclusividade”, disse, numa referência ao seu passado com raízes açorianas.
Agora, aos 49 anos, é o líder da Tapestry (antiga Coach Inc.), um conglomerado norte-americano de marcas de luxo e que tem um valor de mercado na casa dos nove mil milhões de dólares.
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A SAP, que está a organizar o seu grande evento anual de parceiros em Orlando, nos EUA, podia ter convidado clientes como a BMW, Airbus ou Verizon para falarem sobre os seus processos de inovação, mas foi a Tapestry quem mereceu o tempo de antena.
Isto porque nos últimos anos a empresa tem apostado numa estratégia de expansão por via de aquisições: comprou a marca Stuart Weitzman, de calçado de luxo, em 2015, tendo avançado dois anos depois para a aquisição da Kate Spade, mais focada no segmento feminino.
Se por um lado trouxe maior alcance e maior poder de mercado há marca que deu origem à empresa, a Coach, por outro também traz sempre dificuldades de integração e otimização. “À medida que olhamos para o crescimento e sinergias das nossas aquisições, quisemos reforçar a criação de uma plataforma única”, explicou.
Ainda em fase de transição tecnológica para esta plataforma centralizada, a esperança de Victor Luís é que no futuro, quando existirem novas aquisições, as unidades de negócio funcionem num modelo ‘plug and play’, ou seja, é possível começar a extrair sinergias logo a partir do primeiro momento.
“Queremos alcançar interações com os nossos consumidores, que é como criamos valor emocional”, explicou.
As tecnologias que a empresa tem usado também permitem com que o feedback dos utilizadores relativamente aos produtos tenha um impacto mais rápido e direto nas equipas criativas. “É importante tirar partido dos comentários dos consumidores para decisões táticas de curto prazo”.
E se nas grandes casas de luxo muitas vezes a inovação e disrupção estão quase totalmente centradas na figura do diretor criativo, a abordagem da Tapestry é mais ampla. “Queremos trazer inovação em toda a organização, seja na gestão de loja, na equipa de design ou na equipa de sistemas”.
Victor Luís tem um mantra e acredita que este tem sido um dos elementos que tem trazido vantagem à sua empresa: “Qualquer pessoa, de qualquer lado, pode ter uma boa ideia para uma empresa global”.
* A Insider/Dinheiro Vivo viajou para Orlando a convite da SAP
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