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A super tecnologia de Hitler com oito décadas travada ‘in extremis’

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Como é que os nazis, com uma força muito mais pequena do que os Aliados, conseguiram ocupar tantos países e quase ganhar a II Grande Guerra? Com super tecnologia inovadora que mais ninguém usava. Em 2019 cumprem-se os 80 anos do início da guerra mais mortífera da história humana.

O tema não é novo, na verdade, tem quase oito décadas, mas nunca é demais lembrar como o poderio tecnológico de um país, mesmo com números de tropas muito inferiores aos adversários, pode fazer estragos sem precedentes. A II Grande Guerra Mundial começou há quase 80 anos, 1 de setembro de 1939. Durou seis anos e um dia e opôs os Aliados contra a Alemanha nazi liderada por Adolf Hitler e, os seus parceiros, do Eixo.

Um estado de guerra total emergiu, envolvendo mais de 100 milhões de pessoas de mais de 30 países, atirando toda a capacidade económica, industrial e científica para o esforço de guerra, que envolvei forças militares e civis. A luta épica tornou-se no confllito mais mortífero da história humana, com 50 a 85 milhões de mortes, a maioria civis nas zonas da União Soviética e da China – onde se inclui o genocídio do Holocausto, morte por fome e doença e bombardeamentos estratégicos.

A guerra tornou-se tão global, longa e mortífera muito graças ao facto da Alemanha naxi ter conseguido tornar-se numa potência tecnológica, graças ao grande número de projetos militares inovadores que conseguiu criar em apenas dez anos, durante os anos 1930. Esse é precisamente o objeto de uma reportagem publicada esta semana pelo jornal espanhol ABC. A reportagem faz lembrar a série de Ridley Scott, The Man in the High Castle, que imagina um mundo onde a Alemanha ganhou a II Guerra Mundial – feita para a Amazon, a série distópica de 2015 tem três temporadas e ganhou um Emmy.

Numa altura de desenvolvimentos tecnológicos sem precedentes, na chamada era digital e da internet, onde a conetividade entre todas as máquinas e o acesso a dados pessoais promete mudar a realidade em que vivemos, o passado lembra-nos como a tecnologia evoluída nas mãos erradas pode ter consequências inimagináveis. A já confirmada interferência e manipulação russa nas eleições norte-americanas (e no Brexit) através da internet (e das redes sociais), bem como as acusações recentes à possível espionagem chinesa através de equipamentos, ou à espionagem americana aos cidadãos dos EUA e de outros países pelos serviços secretos (NSA), denunciada por Edward Snowden, mostram a força das novas tecnologias.

Neste contexto, partimos então para a forma como a Alemanha nazi se distinguiu através da tecnologia (alguma da qual é precursora da tecnologia que usamos hoje em dia) para fazer guerra.

O campo onde os nazis mais se destacaram foi na aeronáutica. Desde a construção daquela que é considerada a primeira nave espacial na história, até a um dos design pioneiros para aviões invisíveis aos radares, Adolf Hitler contou com a inovação da aviação alemã – quase meio século avançada no seu tempo.

Os nazis deram passos gigantescos na tecnologia da aviação, conseguindo fabricar desde o primeiro avião a jato até aos gigantescos bombardeiros que podiam viajar milhares de quilómetros sem reabastecer.

O ABC cita o escritor espanhol José Lesta, que no seu livro “El Enigma Nazi” indica que a evolução foi tão abismal que, se os projetos tecnológicos alemães tivessem sido concluídos “apenas alguns meses antes, os alemães tinham ganho uma vantagem abismal na guerra no ar”. “O poder destrutivo e as técnicas utilizadas eram tão avançadas que até o último momento Hitler ainda esperava dar um golpe-surpresa aos aliados”, garante o especialista em tecnologia alemã.

Silbervogel

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Primeira nave foi alemã

É neste contexto que o escritor especializado na II Guerra Mundial defende no seu livro focado no poder tecnológico alemão, que entre as armas nazis, a mais bizarra foi criada em resposta à obsessão do Führer para bombardear os EUA, algo quase impossível na época, porque na década de 1040, não existiam aviões com autonomia suficiente para cobrir os 6.000 quilómetros que separam a Alemanha da América do Norte. Para atingir seu objetivo, a Luftwaffe (força aérea nazista) encomendou a construção de uma das primeiras naves espaciais da história ao cientista Eugene Sänger, a Silbervogel ou pássaro de prata.

Lesta garante no livro: “foi sem dúvida que foi o projeto secreto mais futurista do seu tempo”. O modelo chamava-se bombardeiro suborbital Sänger-Bredt (Irene Bredt era a mulher de Eugene Sänger e participou no seu desenvolvimento) e seria uma espécie de foguetão tripulado e armado que subiria para a atmosfera (atingindo três vezes a velocidade do som), até chegar aos EUA. Já em território norte-americano, deixaria cair a carga de explosivos em Washington. “Finalmente, depois de deixar a sua carga mortal de bombas, regressaria do mesmo modo à base, circulando a 500 km/h e teria um pára-quedas traseiro para facilitar as manobras, depois de atravessar metade do planeta”. Lesta indica que o veículo poderia ser reutilizado após de algumas horas de descanso, numa missão de 27 horas.

A ideia inicial seria carregar a nave com uma bomba com 5 toneladas de urânio radioativo em pó (cerca de um décimo foi libertado no acidente da central nuclear de Chernobyl). “Uma vez detonada em Nova Iorque, uma nuvem radioativa cairia sobre a cidade, o que seria fatal para a maioria de seus habitantes”, diz Lesta. Para fazer funcionar este veículo, seria necessário colocá-lo numa plataforma ferroviária quase horizontal com vários quilómetros de comprimento, bem diferente da descolagem dos aviões atuais.

O especialista admite, no entanto, que foi a chegada do fim da guerra e de algumas vitórias estratégicas dos Aliados, que impediram que o projeto fosse finalizado a tempo. Apesar disso, o inventor da chamada nave espacial nazi conseguiu escapar os Aliados.  “Eugene Sänger conseguiu fugir para a Austrália sem ser apanhado e, como é óbvio, durante a Guerra Fria o seu projeto foi um dos mais cobiçados por ambas as superpotências mundiais. Stalin tentou roubá-lo nos anos 1950 e 60 para construir um navio semelhante que o ajudaria a bombardear os americanos “, explica o escritor.

Aparentemente, e de acordo com Lesta, as pesquisas deste cientista foram finalmente usadas pela NASA, a agência espacial dos EUA. “Do seu trabalho vieram as ideias que levariam a NASA a construir o foguetão espacial”, acrescenta o especialista.

Messerschmitt Me 262

Outro grande projeto da Alemanha nazi foi o avião “Messerschmitt Me 262″, o primeiro avião-caça a jato operacional do mundo. Este avião trouxe uma mudança radical na forma como eram feitos e pensados os combates aéreos. Durante os anos 1940, o principal sistema de propulsão utilizado nos aviões era a hélice, este novo motor a jato dava maior velocidade aos aviões que, podiam adquirir maior altura e não precisavam de reabastecer com tanta frequência como acontecia com os aviões dos Aliados.

Bombardeiro invisível aos radares

Um dos últimos projetos aéreos revolucionários dos nazis foi desenvolvido por Reimar e Walter Horten, dois irmãos que criaram a primeira aeronave da história com forma de asa delta (formato triangular das asas), fazendo uso de um desenho que é o utilizado na maioria dos caças e bombardeiros militares atuais.

Os Horten criaram este tipo de avião porque, após vários testes, descobriram que oferecia menos resistência ao vento do que os outros aviões. Desta forma, conseguiu-se uma série de vantagens em voo, como a capacidade de percorrer uma maior distância sem a necessidade de reabastecimento ou a possibilidade de viajar a uma velocidade muito superior ao que era norma na altura.

Ilustração do que seria o Ho 18

Hitler exigiu a Horten que realizasse o seu antigo sonho, de bombardear os Estados Unidos com um avião partindo da Alemanha. “Apenas o bombardeiro na forma de “asa delta” (o Ho 18) proposto pelos Irmãos Horten era suficientemente avançado para atender às exigências de uma jornada tão longa”, diz Lesta. A inovação do projeto não era apenas no design, mas foi também o primeiro avião invisível aos radares americanos. “A superfície do bombardeiro teria uma camada de cola especial baseada em carbono, que seria indetectável para os radares americanos da época. O Horten construiu a primeira aeronave invisível aos radares quase meio século antes dos americanos”.

O projeto foi interrompido pelas forças aliadas. “Os americanos chegaram às fábricas e à oficina do Horten e transportaram o caça a jato para os EUA, onde seria estudado pela empresa aeronáutica Northrop”, explica Lesta.

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