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“Se mais países levantarem dúvidas sobre 5G haverá oportunidades para outras empresas”

Foto: REUTERS/Sergio Perez

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Ex-conselheiro da FCC acredita em oportunidades de negócio para novos concorrentes no 5G, “se mais países levantarem dúvidas” sobre segurança.

Nathan Leamer é atualmente vice-presidente da Targeted Victory, agência americana de relações públicas. Até há bem pouco tempo, trabalhava diretamente com Ajit Pai, chairman da FCC, a entidade que regula o mercado das telecomunicações nos EUA. O chairman da FCC já tinha passado por Portugal, em fevereiro deste ano, num encontro promovido pela Embaixada dos Estados Unidos em Portugal. Na altura, a mensagem era clara: convencer Portugal a não utilizar fabricantes chineses como a Huawei na futura infraestrutura de 5G.

“Fui convidado pelo Departamento de Estado para vir a Portugal partilhar os meus conhecimentos sobre a área do 5G”, explica Nathan Leamer, durante um encontro com a imprensa portuguesa. “Sei que é um tema muito quente agora e, embora a minha perspetiva seja mais americana, tenho uma ideia daquilo que está a acontecer a nível internacional”, assegura.

Sobre o panorama do 5G em Portugal, explica que tem vindo a “aperceber-se de que há um esforço conjunto, de vários atores, em preparar o país para o 5G”. Ainda assim, aponta que “países como Portugal estão a tentar encontrar um equilíbrio: são próximos dos americanos e da forma como fazemos as coisas, mas também fazem negócios com países que têm uma abordagem diferente da nossa”, referindo-se a empresas chinesas como a Huawei.

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Questionado sobre as preocupações na infraestrutura 5G, num cenário de guerra comercial entre Estados Unidos e China, com direito a já vários episódios, Leamer não resiste a uma comparação. “A tecnologia 5G é como uma bicicleta super rápida – mas quando se tem uma bicicleta desse género também há que garantir que todos os componentes funcionam bem e que não há vulnerabilidades ou desalinhos. Se alguma coisa estiver desalinhada vai resultar em acidentes ou outros problemas”.

Destacando a importância de uma infraestrutura de redes móveis de quinta geração, que prometem a multiplicação das atuais velocidades de internet móvel, o especialista norte-americano sublinha que é preciso “levantar dúvidas” sobre a segurança.

Acho que quando se pensa numa infraestrutrura que vai ter um papel tão importante na nossa vida temos de garantir que a tecnologia não tem vulnerabilidades ou backdoors ou oportunidades para que outros atores tenham influência ou a oportunidade para minar a nossa privacidade, segurança e bem-estar do consumidor”.

Para Nathan Leamer, “empresas como a ZTE ou a Huawei têm produtos que não são responsabilizados, em que não se sabe aquilo que está para lá da cortina”. “Quando estamos a falar de informação sensível, que todos temos nos nossos telefones ou que vamos usar na área da telemedicina ou outras aplicações, acho que isto levanta questões sérias e é importante para os legisladores estarem preocupados”, aponta o norte-americano.

Sublinhando que “não são só os legisladores americanos a mostrar estas preocupações, mas também os inovadores americanos”, Nathan Leamer afirma que a preocupação com a segurança da infraestrutura de rede 5G “não é uma conversa só de democratas ou de republicanos, é uma conversa transversal no mundo tecnológico.

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“Queremos mesmo convidar, através deste sistema, [empresas] a inserirem-se no nosso núcleo da nossa infraestrutura de internet?”, questiona Leamer. Na visão do responsável da Targeted Victory, existe espaço para novos concorrentes no mercado – especialmente se “mais países e entidades levantarem questões” e “tiverem dúvidas” sobre o 5G.

“Se houver mais países e entidades a levantar questões, ter dúvidas, isso gera oportunidades para acionistas, investidores e para outras empresas”, garante Leamer. “Sim, só há alguns concorrentes no mercado atual [de infraestrutura de rede], mas podem surgir novos concorrentes se se criar um ambiente onde mais países tomem uma posição sobre situações de vulnerabilidade, isso é uma oportunidade”.

Recentemente, a Huawei revelou que estaria disposta a licenciar a sua tecnologia de 5G a uma empresa norte-americana. Sobre este possível cenário, Nathan Leamer mostra curiosidade mas explica que “ficaria muito preocupado” com possíveis negociações do género. “Ficaria curioso se isso acontecesse e não sei se alguma companhia americana aceitaria isso”. Por outro lado, aponta uma vantagem: “isso deixaria [a Huawei] exposta a um maior escrutínio, permitiria abrir os livros, se houvesse um acordo de licenciamento”.

“Se isso acontecesse mesmo, abriria a empresa a uma maior investigação e responsabilização por parte de entidades americanas, como a FTC (Federal Trade Comission) ou a FCC (Federal Communications Commission)”, destaca.

Na agenda de Leamer em Portugal estão ainda passagens pela zona norte do país, para encontros com “académicos e inovadores”. Esta segunda-feira, durante um evento da Câmara de Comércio americana, Leamer já tinha pedido aos operadores de telecomunicações que pensassem “criticamente” nas questões de segurança da infraestrutura 5G.

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