O registo e revelação do primeiro buraco negro comprova várias teorias relevantes e promete mudar a ciência como a conhecemos.
A Comissão divulgou esta quarta-feira a primeira imagem de sempre de um buraco negro, captada pelo Event Horizon Telescope, uma colaboração científica mundial em que participam cientistas financiados pela União Europeia.
Esta descoberta científica de primeira grandeza constitui uma prova visual da existência de buracos negros e expande as fronteiras da ciência moderna, indicam os cientistas. A primeira observação surge no âmbito da colaboração internacional em larga escala designada Event Horizon Telescope (EHT) e marca uma mudança de paradigma na compreensão humana dos buracos negros, confirmando as previsões da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein e abrindo novas pistas de estudo do Universo.
A primeira imagem captada de um buraco negro foi divulgada hoje em seis conferências de imprensa simultâneas, realizadas em vários pontos do mundo. A colaboração internacional, que envolveu mais de 200 cientistas de 40 nacionalidades, e contou com financiamento do programa europeu Horizonte 2020, revela assim a primeira imagem de um dos objetos mais estranhos do universo: extremamente denso, concentra uma quantidade matéria quase inimaginável num espaço proporcionalmente pequeno, afetando o espaço e o tempo na sua vizinhança.
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Este buraco negro registado está no centro da galáxia Messier 87, uma supergaláxia na constelação da Virgem, a 55 milhões de anos-luz da Terra e com uma massa 6,5 mil milhões de vezes superior à do Sol.
Para o comissário da Ciência, Investigação e Inovação, Carlos Moedas, esta é uma grande descoberta – “haverá um antes e um depois desta imagem”, disse na conferência de imprensa da comissão europeia, uma das sete -, e “uma lição da ciência para os políticos”, ao mostrar como “se cumpre o sonho, congregando cientistas de 40 nacionalidades diferentes”.
(vídeo a explicar a observação agora feita dos cientistas do projeto)
O que são os buracos negros e como foi feita a captação?
Os buracos negros são objetos cósmicos extremamente comprimidos, constituídos por uma massa imensa num espaço muito reduzido. A presença de um buraco negro afeta de modo extremo o espaço-tempo em redor, deformando-o e sobreaquecendo qualquer matéria que para ele se precipite.
Para possibilitar a observação direta do espaço envolvente de um buraco negro, o projeto Event Horizon Europe procurou aperfeiçoar e interligar em rede uma série de oito telescópios existentes em vários pontos da Terra, situados a altitudes elevadas em locais inóspitos da Serra Nevada espanhola, de vulcões do Havai e do México, das montanhas do Arizona, do deserto de Atacama, no Chile, e da Antártida. Mais de 200 investigadores da Europa, das Américas e do Extremo Oriente participam nesta operação internacional de grande envergadura.
Estes brinquedos prometem espicaçar o lado científico dos miúdos