Cliente interessado na informação roubada acabou por denunciar a venda à empresa afetada. Acusação diz que se a venda tivesse acontecido, a NSO Group podia ter fechado portas.
Um funcionário da tecnológica israelita NSO Group roubou, alegadamente, o software da empresa que permite espiar smartphones da Apple. O suspeito terá depois tentado vender a informação no mercado negro e pediu 50 milhões de dólares, cerca de 42,5 milhões de euros, pela ‘chave’ que dá acesso ao iPhone.
A NSO Group é uma empresa israelita conhecida por descobrir falhas de segurança em sistemas operativos e por vender depois essas falhas a entidades governamentais. Um dos software que a tecnológica usa é conhecido como Pegasus e permite, em teoria, aceder de forma remota a determinados modelos do iPhone.
O caso foi revelado por publicações locais, como o The Jerusalem Post, e foi explicado com maior detalhe pela publicação Motherboard.
O funcionário, que não foi identificado, terá começado a trabalhar no NSO Group em 2017 e entrou como programador sénior, tendo acesso ao código-fonte dos produtos desenvolvidos pela empresa. O alegado autor do roubo terá pesquisado sobre métodos para contornar as restrições dos computadores da tecnológica israelita, que não permitem ligar pens USB e outros periféricos de armazenamento.
Assim que descobriu como fazê-lo, foi quando o alegado roubo de informações terá acontecido. O software em questão “permite ter um entendimento total sobre como os sistemas operam” e garante “cibercapacidades” aos seus utilizadores, lê-se numa versão traduzida do documento da acusação. Os termos, apesar de pouco específicos, confirmam a ideia de que o Pegasus é usado para executar ataques informáticos.
O suspeito do crime pediu depois 50 milhões de dólares em criptomoedas por troca das informações que tinha roubado. No mercado negro, o autor do roubo fez-se passar por um pirata informático que tinha acedido aos sistemas da NSO Group.
Mas o caso teve depois uma reviravolta. Um potencial cliente interessado na informação roubada acabou na verdade por denunciar a situação à NGO, o que levou a empresa a agir e a apresentar queixa.
Estima-se que a tecnológica israelita tem um valor de mercado de 900 milhões de dólares e perto de 500 funcionários. A acusação argumenta que caso a informação roubada tivesse sido vendida, isso poderia ter ditado o fecho de portas da NSO Group.