Antonio Meze ainda é um nome, relativamente, desconhecido no universo da alta fidelidade. No entanto, se retivermos apenas o apelido é provável que o associemos às suas criações: os auscultadores Meze – estes sim, já bem conhecidos no mundo audiófilo.
Lançados há cinco anos, os Meze 99 Classics foram, imediatamente, reconhecidos pela comunidade crítica da alta fidelidade, tendo recebido prémios em quase todas as latitudes. E o que poderia ter sido apenas sorte de recém-chegado a um mundo muito competitivo, rapidamente, se tornou num facto consolidado, o que diz muito em relação à qualidade destes auscultadores.
A escolha de materiais nobres para a sua construção surge da vontade de Antonio Meze querer que durem muitos anos, preservando as características e mantendo o conforto para os seus utilizadores – todas as peças podem ser substituídas, se for necessário. A confirmar que de sorte não tem nada, é a forma como são construídos e que faz com que continuem a ser escolhidos como a referência na sua categoria.
As «conchas» são feitas a partir de madeira de árvores de nogueira em fim de vida, sendo primeiro escolhida pela sua rigidez e sonoridade e só depois pela sua beleza. O processo não começa sem antes garantir que a madeira está perfeitamente seca, seguindo para o corte em máquina CNC (Controlo Numérico Computorizado), que pode demorar até oito horas, e para a fase de polimento e envernizar são mais cerca de duas semanas. É demorado, mas Antonio Meze garante valer a pena.
Somos obrigados a concordar ainda antes de os ouvir, enquanto abrimos a caixa e os tiramos da bolsa rígida que serve para os transportar – tudo «transpira» qualidade. Os 99 Classics são extremamente confortáveis para audições prolongadas e, uma vez, colocados na cabeça, a bandolete ajusta-se automaticamente, exercendo sempre a pressão necessária para que se mantenham no lugar.
Estes auscultadores não têm um género musical preferido. Tiveram um desempenho notável com todo o tipo de música que lhes “servimos”, convidando sempre a nos perdermos no tempo em que ouvíamos as faixas que escolhemos. Também não são exigentes no que à amplificação diz respeito. Em conjunto com um smartphone já estamos equipados com um sistema de alta fidelidade portátil muito competente, mas tudo muda de figura quando adicionamos mais um componente.
Neste caso, um DAC (conversor digital para analógico) que é também amplificador de auscultadores da marca Chord que se chama Mojo (acrónimo de “Mobile Joy”). Tem, aproximadamente, o tamanho de um baralho de cartas, é construído com alumínio aeronáutico e a única cor disponível é preto anodizado. A Chord já anda nisto da alta fidelidade há muitos anos, sobretudo no mercado dos estúdios de gravação profissional e, todos os anos, vê os seus produtos ganharem prémios nas publicações mais conceituadas da área.
Depois de os observar e escutar, a razão parece óbvia: qualidade, muita qualidade. Não é exagero. A Chord utiliza, extensivamente, o alumínio e aplica um design incomum nos seu produtos que, muitas vezes, parecem peças de alta relojoaria. A irreverência verifica-se ainda na abordagem ao interface com o utilizador. Não existem os tradicionais botões rotativos para controlar o volume ou outras funções, nem algum tipo de ecrã para confirmar as escolhas.
Estes são substituídos por bolas translúcidas que funcionam como botões e usam as cores do arco-irís para indicarem os modos de operação, a resolução dos ficheiros de audio (até 768kHz/32-bit, e DSD 256) e o nível de volume. A Chord recusa-se ainda a seguir o caminho da maioria ao usar um chip FPGA (Field Programable Gate Array), em vez de usarem chips pré-programados, com a vantagem de poderem ser programados segundo as especificações da marca.
O amplificador e o DAC partilham o mesmo circuito e assim não há degradação do som, seja qual for o volume, quando é utilizada a saída de linha para integrar num sistema de alta fidelidade. A assinatura sonora é quente e detalhada, realçando o melhor de qualquer que seja o formato de audio que passe por ele, independentemente, do género musical que esteja a tocar e da fonte a que está ligado. O Mojo amplifica sem esforço auscultadores com impedância alta ou auriculares “in-ear”, mas, o casamento com os Meze 99 Classics parece ter sido feito no céu.
Preço
Meze 99 Classics: 309€
Chord Mojo: 525€