Não é uma empresa muito conhecida e até opera no petróleo, mas tem lucros recorde apresentados em 2018 e supera em muito os gigantes tecnológicos que têm crescido sem parar em valor de mercado, receitas e lucros nos últimos anos. Chama-se Saudi Aramco e é saudita.
O primeiro balanço oficial do desempenho financeiro da Saudi Aramco confirma: a empresa petrolífera estatal saudita consegue gerar lucros como nenhuma outra empresa no planeta Terra. O lucro líquido do ano passado foi de 111,1 mil milhões de dólares, ultrapassando facilmente os gigantes americanos, incluindo Apple, Google, Samsung e Exxon Mobil.
Mas as contas publicadas antes da estreia da empresa no mercado de títulos internacionais também mostram que a Aramco – uma organização que produz cerca de 10% do petróleo do mundo – não gera assim tanto dinheiro por barril quanto outras companhias petrolíferas como a Royal Dutch Shell Plc, penalizadas por uma pesada carga tributária.
A venda de títulos, lançada aos investidores esta semana num roadshow global, forçou a Aramco a revelar segredos mantidos desde a nacionalização da empresa no final dos anos 1970, lançando alguma luz sobre a relação entre o reino saudita e seu ativo mais importante, indica a Bloomberg. Tanto a Fitch Ratings quanto a Moody’s Investors Service atribuíram à Aramco o quinto grau de investimento mais alto, o mesmo que a dívida soberana da Arábia Saudita, mas menor do que as petrolíferas Exxon, Shell e Chevron Corp.
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A empresa está-se a preparar para aumentar a dívida, em parte para pagar a aquisição de uma participação maioritária no grupo petroquímico nacional Sabic, avaliado em 69 mil milhões de dólares. O acordo será um plano B para gerar dinheiro para a agenda económica da Arábia Saudita, depois de um IPO à Aramco ter sido adiado. O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman está a usar o balanço patrimonial da empresa para financiar as suas ambições.
Há uma dependência do reino saudita face à empresa, que é usada para financiar gastos sociais e militares e o estilo de vida luxuoso de centenas de príncipes, indica a Bloomberg. É isso que mais perturba o dinheiro no banco da Aramco, que paga 50% de seu lucro para impostos, além de que cerca de 20%u das receitas da empresa irem para os chamados royalties.
A Aramco reportou que pagou 58,2 mil milhões de dólares em dividendos ao governo saudita em 2018, segundo a Moody’s. A Fitch explica que seu rating A+ à empresa reflete os “fortes laços” entre a empresa e o reino, e a influência do estado na Aramco através da regulamentação do nível de produção, tributação e dividendos.
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