Após especulações, o Facebook oficializou a sua criptomoeda, que recebeu o nome de Libra. A plataforma Calibra vai servir de apoio a esta moeda, que contará com o apoio de grandes tecnológicas. A luso-britânica Farfetch faz parte do grupo.
A partir do próximo ano, chega ao mercado a Calibra, uma empresa subsidiária do Facebook, que se apresenta como “uma forma de fornecer serviços financeiros que permitam às pessoas ter acesso e participar na rede Libra”. A criptomoeda servirá de moeda nesta carteira digital, desenvolvida pelo Facebook – mas não só.
Para desenvolver esta rede, baseada em blockchain (conhecido como o ‘protocolo da confiança’), o Facebook fundou uma associação, chamada Libra Association. Este grupo tem como intuito ajudar a empresa de Zuckerberg a desenvolver esta tecnologia de pagamentos. A associação vai estar sediada em Genebra, na Suíça – e o Facebook espera que haja mais empresas interessadas em fazer parte deste grupo.
O grupo inicial desta Libra Association conta com 28 empresas, de diversas áreas, desde os pagamentos, retalho ou mobilidade. Já se sabia que empresas como a Mastercard, Visa, Stripe ou a PayPal estariam incluídas no grupo, mas há outras novidades. Na área do e-commerce, a luso-britânica Farfetch, um dos unicórnios portugueses, está incluída no grupo, ao lado de empresas como o eBay ou a Mercado Pago.
Através de comunicado, a Farfetch indica que “vai participar ativamente no desenvolvimento técnico, de arquitectura e desenvolvimento operacional da Libra Association”. José Neves, fundador da plataforma de e-commerce de luxo, diz acreditar que a tecnologia de “blockchain vai beneficiar a indústria de luxo através da melhoria da proteção IP, transparência no ciclo de vida do produto e – no caso da Libra – permitir um e-commerce sem frição”.
Na área da mobilidade, a Uber e a Lyft entram nesta associação. A sueca Spotify, a Booking, ou o grupo Vodafone integram também o grupo.
Através de comunicado, o Facebook explica a motivação para criar esta plataforma Calibra. “Quase metade dos adultos no mundo não têm uma conta bancária ativa e esses números são piores nos países em desenvolvimento e ainda piores para as mulheres. O custo total dessa situação é uma alta exclusão”, explica a empresa de Mark Zuckerberg.
A reputação do Facebook no que toca à privacidade tem sido fortemente criticada nos últimos anos. Tanto que a rede social faz questão de focar a privacidade no comunicado onde oficializa a Calibra. “Quando for lançada, a Calibra vai ter medidas de segurança fortes para manter o dinheiro e a informação segura”. “Excepto em casos limitados, a Calibra não vai partilhar a informação de conta com terceiros sem o consentimento do cliente”, acrescenta o Facebook, explicando que “esta informação financeira não servirá para melhorar os dados de anúncios na família de produtos do Facebook”.
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E o que são estes casos limitados? A rede social indica casos como “momentos onde os dados podem ser partilhados para refletir a necessidade de manter as pessoas seguras, estar em conformidade com a lei ou fornecer funcionalidades básicas às pessoas que utilizam a Calibra”, diz o comunicado.
Em entrevista ao site Engadget, David Marcus, head of Calibra, aponta que é importante que a Calibra seja uma subsidiária do Facebook e que exista a associação Libra a sustentar o desenvolvimento da moeda. “Se se quer construir um protocolo para moedas e valor na Internet, isso não pode ser controlado só por uma empresa. Portanto, o Facebook não a pode controlar”.
Como funciona?
Tanto a moeda do Facebook como a carteira digital Calibra só chegarão ao mercado em 2020. Será preciso usar o smartphone para enviar e receber Libras – e não é obrigatório ter uma conta de Facebook para utilizar esta moeda.
Para quem esteja ligado aos produtos do Facebook, é possível utilizar esta moeda digital através do Messenger e WhatsApp, também eles produtos do Facebook, mas também funcionará através de uma aplicação à parte, chamada Calibra.
Para ter fundos na conta Calibra, o Facebook explica que será necessário passar por um processo de registo, que permitirá escolher entre a lista de empresas de pagamentos – como a MasterCard, Visa, PayPal ou Stripe.
O Facebook detalhou ainda que a Libra vai contar com uma reserva de depósitos bancários e dívida soberana de vários países, para conseguir fixar o valor desta moeda digital e reduzir a volatilidade – algo que é muitas vezes associado a criptomoedas, com o maior exemplo disto a assumir-se na Bitcoin, uma das moedas mais populares.
Será possível receber um pagamento em Libra, por exemplo, e poder convertê-lo para a moeda de eleição do utilizador. O Facebook frisa que tanto a Calibra como a Libra ainda estão em processo de desenvolvimento, até ao lançamento, algures em 2020.
Nota: atualizada às 12h09 de 18 de junho, para incluir declarações da Farfetch.
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