O diretor executivo da Apple, Tim Cook, está preocupado com o estado atual da tecnologia e diz que “a crise é real”, sobretudo pela falta de privacidade.
Tim Cook, líder máximo da Apple, não poupou palavras no discurso que fez esta quarta-feira no Parlamento Europeu. Mesmo sem ter referido nomes em concreto, o CEO deixou fortes críticas àqueles que formam um “complexo industrial de dados”, referindo-se às empresas que recolhem um grande volume de informações pessoais dos utilizadores.
“Na Apple acreditamos que a privacidade é um direito humano fundamental. Mas também reconhecemos que nem todos veem as coisas da mesma forma. De certa forma, o desejo de colocar os lucros à frente da privacidade não é algo novo”.
Tim Cook acrescentou depois: “A nossa informação, desde o dia a dia até àquela que é extremamente pessoal, está a ser usada como uma arma de eficácia militar contra nós”.
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“Todos os dias, milhares de milhões de dólares trocam de mãos e decisões incontáveis são feitas com base nos nossos gostos e não gostos, nos nossos amigos e famílias, nas nossas relações e conversas, nos nossos desejos e medos, nas nossas esperanças e sonhos”.
Mas Tim Cook tinha mais para dizer. “Levado ao extremo, este processo cria um perfil digital que perdura e permite às empresas conhecerem-vos melhor do que se conhecem a vós próprios. O vosso perfil é depois executado através de algoritmos que podem servir cada vez mais conteúdos extremos, tornando as nossas preferências inofensivas em fortes convicções”.
“Não devemos embelezar as consequências. Isto é vigilância. E estes montes de dados pessoais servem apenas para enriquecer as empresas que os recolheram”.
O discurso, que pode ser lido na íntegra na publicação CNBC, foi dominado por um tom duro, mas Tim Cook também mostrou alguns rasgos de confiança de que o futuro será melhor. ‘Aplaudiu’ os eurodeputados pela criação do Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD) e diz que políticas semelhantes são necessárias nos EUA.
“Precisamos de agir para garantir que a tecnologia é desenhada e desenvolvida para servir a humanidade, e não o contrário”. Antes já o diretor executivo da Apple tinha defendido que “as novas tecnologias são a força motriz dos avanços dos melhores projetos comuns da humanidade”.