Na ficha técnica chama-se XR-1, atrás do balcão chama-se Cathy. Foi uma das grandes novidades e atrações do Mobile World Congress.
Quem diria que uma das grandes surpresas da edição deste ano do Mobile World Congress seria um robô? Sim, os smartphones dobráveis cumpriram a sua parte do espetáculo, mas numa feira onde o 5G foi rei, a robótica começou também a mostrar o seu potencial. E a Cathy, como foi apelidada pela empresa CloudMinds, esteve à altura do desafio.
Em bom rigor existiam duas Cathy: uma a servir cafés, outra a servir águas. Ambas estavam ainda acompanhadas por humanos e apenas faziam a deslocação do copo ou da garrafa, mas foram um vislumbre daquilo que dentro de alguns anos os robôs serão capazes de fazer por nós.
“Chamamos-lhe um robô de serviço, pois pode providenciar muitos serviços diferentes. Por exemplo, num escritório, numa empresa de comunicações e também num centro médico para ajudar os idosos nas suas recuperações. Podes entregar água, alguma comida, lembrar aos mais idosos que precisam de tomar os medicamentos e até falar com eles. Os idosos não se vão sentir sozinhos em casa”, explicou Zhenping Guo, diretor de engenharia da CloudMinds Technology, em entrevista à Insider.
No caso da Cathy, destaca-se a fluidez dos seus movimentos e o cuidado com que agarra, move e pousa um objeto. Basta que alguém lhe dê um comando de voz que o robô analisa o cenário à sua volta e concretiza a missão pedida. O processo acaba por ser lento – apesar de ser um movimento simples, exige muitos cálculos ao computador -, mas isso pode mudar em breve.
Zhenping Guo acredita que o 5G, a nova geração de telecomunicações, vai desbloquear finalmente todo o potencial da robótica.
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“Ainda não temos redes 5G, por isso ainda não conseguimos que o robô envie resultados em alta definição, por causa da largura de banda e da performance. Não podemos enviar grandes pedaços de dados. Mas o 5G vai ajudar-nos muito. Com dados de alta resolução podemos reconhecer até os objetos mais complicados. O 5G vai ser a nossa killer application”.
Usar a palavra killer [assassino em tradução livre] na área da robótica não é a associação mais feliz e amigável de todas, mas a verdade é que apesar de executarem tarefas que podem enviar humanos para o desemprego, a curiosidade por estes equipamentos é enorme.
Além da Cathy, a CloudMinds também levou a Nicole para o Mobile World Congress – um robô exatamente igual, mas programado para tarefas diferentes. Este segundo humanoide estava programado para conseguir enfiar um pequeno arame no buraco de uma agulha não muito maior.
A precisão dos movimentos foi impressionante, mas este robô sabia mais do que estava ali a mostrar. Poucos minutos depois estava a dançar de forma harmoniosa e já não parecia aquela máquina fria e mecânica criada para executar uma tarefa rotineira vezes sem conta.
Parte do segredo destes robôs está no software que usam e que segundo a CloudMind tem uma forte componente de inteligência artificial – existe um algoritmo de aprendizagem que considera variáveis como reconhecimento visual, feedback físico e posicionamento.
Uma das partes mais interessantes sobre a CloudMinds é que a empresa não vende só o robô – o XR-1 custa 43 mil euros para os primeiros 100 clientes -, também vende o cérebro do robô se assim alguém o quiser.
“Temos um ambiente de simulação de treino robótico, que é um mundo virtual”, explicou Zhenping Guo sobre o desenvolvimento de software. “Tentamos fazer com que o nosso sistema seja usado por outros, assim quem quiser criar um ambiente de treino, pode fazê-lo e nós temos dados para treinar o robô”.
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