Um mundo cada vez mais desmaterializado e à distância de um clique. É assim que Manas Deb, especialista em serviços e estratégia de cloud da gigante Capgemini, vê o futuro do negócio nas empresas. Mas também avisa: os que não se renderem à cloud, sujeitam-se a ficar parados.
“A cloud, se recuarmos cinco anos, era uma tecnologia emergente. Hoje é mainstream. Daqui a cinco anos já ninguém vai falar de cloud, vai ser um dado adquirido, vais fazer as coisas na cloud sempre que for possível”.
É desta forma que Manas Deb ‘pinta’ o cenário da computação na nuvem, sobretudo no mercado empresarial. O responsável acredita que mesmo para as empresas que ainda não fizeram qualquer aposta nestas tecnologias, há uma janela de tempo para tentar recuperar o terreno perdido. Os mais teimosos vão dar-se mal, alerta.
“Daqui a cinco, seis anos, ainda podes ir para a cloud e podes recuperar aquilo que não fizeste. Mas se não o fizeres neste tempo, vais ficar para trás. Aliás, terás que fazê-lo, porque quando olhas para os grandes fornecedores de software – como a SAP e a Oracle – a maioria das suas iniciativas de desenvolvimento são todas na cloud”, sublinha em entrevista à Insider.
“Mesmo que não tenhas feito nada na cloud e digas, ‘deixa-me não fazer nada’, em breve vais ficar parado, porque não serás capaz de atualizar os teus sistemas. Porque em muitos casos, já não há desenvolvimento de novas funcionalidades em sistemas on premise. (…) Pode haver algumas exceções como aqueles que dizem ‘oh, estamos a fazer bom negócio, não nos vamos preocupar com isso‘. E depois têm o destino da Nokia e da Kodak. Um dia vão perceber que já não são relevantes”.
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O cenário pode parecer alarmante para alguns executivos, mas Manas Deb sublinha que é preciso primeiro ter em consideração a indústria na qual se está a trabalhar. Sectores como a manufatura, banca, energia e retalho são dos que atualmente estão mais preocupados não só em fazer a migração para a cloud, mas em acertar na estratégia nesta transição.
“Cada vez mais compram-se coisas que não são totalmente utilizadas. Quando compras tecnologias úteis, mas não de uma forma otimizada, tens muitas ineficiências integradas no teu sistema. Por exemplo, vês que na maior parte dos centros de dados, os servidores são utilizados cerca de 30 a 40%, tens muitas coisas que não são utilizadas”, explica o executivo.
Isto mostra também uma diferença de paradigma: se no início da era da cloud os custos eram apontados sempre como o principal motivo para apostar na tecnologia, atualmente a estratégia está mais relacionada com eficiência e flexibilidade – o que em última instância acabará por ter também implicações diretas ao nível dos custos.
O responsável aponta ainda a inteligência artificial e o blockchain como tecnologias emergentes que podem vir a ter um grande impacto na forma como as empresas olham para o cloud computing.
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