Os portáteis ganham nova vida em tempos de pandemia e de teletrabalho. Pusemos à prova o surpreendente MateBook D14 da Huawei. Elegante, prático para teclar e rápido q.b. com preço cativante.
Há muito que os portáteis – só portáteis – são um dos patinhos feios dos gadgets pelo menos a nível mediático ou de vendas – pior só mesmo os computadores de secretária. Mas essa desconsideração à partida é, muitas vezes injusta. A Apple, curiosamente, tem resistido à tendência de tornar a sua linha de portáteis em híbridos de tablets – tem, isso sim, tornado alguns dos seus tablets mais recentes em substitutos dignos dos computadores (com um preço chorudo).
A Huawei parece entrar pelo mesmo diapasão da Apple com o seu novo MateBook D14 (tem também a versão de 15 polegadas, o D15) – as comparações com a marca da maçã não se ficam por aqui, como veremos. O novo portátil da Huawei não tem ecrã tátil, o ecrã não se vira totalmente (nem sai) para se tornar num tablet e é tudo menos híbrido, mas tem tudo no sítio como portátil para quem não quer gastar muito e isso, convenhamos, é o que mais importante na maioria dos casos de necessidade de computação (e escrita) mais exigente que nem sempre está ao alcance total de smartphones e tablets.
O design: maçãs (estilo Apple) sem laranjas (material premium)
A estética não engana, é simples e inspiração profundamente nos MacBook da Apple – isto além do próprio nome de MateBook. Ainda assim, consegue ter uma estética própria e o ecrã quase sem margens (rácio de 90%), convenhamos, aproveita bem melhor o espaço do que o MacBook Pro de 13 polegadas (ganhamos aqui mais uma polegada por um tamanho semelhante). Isto num ecrã de 14 polegadas de alta resolução (1920 x 1080) que, mesmo não tendo o nível de qualidade de portáteis mais caros especialmente a nível de exposição ao brilho, tem um fator ao estilo matte que é menos afoito a dedadas e é bem agradável de forma geral. O mesmo com o espetro de cores (inclui sRGB), que é bem razoável sem brilhar a nível de detalhes.
Elegante e fino quanto baste – não é tão fino quanto os ultrabooks mais ligeiros do mercado – tem um corpo feito de uma espécie de alumínio, muito leve e de aspeto de metal acentuado na versão que testámos, a Space Grey.
A conetividade também não compromete, supera nesse aspeto o MacBook, com portas USB-A 3.0, USB-A 2.0, entrada HDMI (uma feliz inclusão), entrada jack de auscultadores e um USB-C.
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Teclar com rapidez ‘chiclete’
O teclado é uma boa surpresa. Ao estilo chiclete e confortável q.b., faz parecer estarmos na presença de um portátil bem mais caro onde dá gosto teclar sem causar fadiga – mais uma vez, bem útil em tempos de teletrabalho.
Já a solução encontrada para a webcam, embora engenhosa e original, tem alguns problemas. Do lado positivo, tira essa ocupação de espaço à zona do ecrã e permite garantir que ninguém nos está a observar, já que precisamos de clicar num botão no topo do teclado para que ela seja revelada – é popup. Do lado negativo o ângulo muito rebaixado não é o ideal para chamadas e videoconferências (podemos sempre elevar o portátil para esse efeito).
Na zona do teclado, na zona direita está botão para ligar o portátil que é também um sensor de impressão digital, mais uma solução feliz da Huawei para um produto abaixo dos mil euros. O trackpad ou tapete é razoável, mas não está nos pergaminhos que a Apple consegue fazer – nesse domínio é mesmo o melhor do mercado.
Performance surpreendente
Um dos problemas mais típicos em portáteis abaixo dos mil euros são dificuldades de performance. O MateBook D14 tem caraterísticas que não deixam ninguém de queixo caído. Usando o sistema operativo Windows 10 – a Microsoft conseguiu arranjar forma de continuar a servir a Huawei, apesar do já famoso bloqueio dos EUA -, temos um processador AMD Ryzen 5 3500U, com 8GB of RAM e um disco 512GB SSD.
Na experiência de dia a dia revelou-se uma boa surpresa. Mesmo sem ir aos píncaros que editores de vídeo ou de fotografia requerem, o ‘motor’ do MateBook D14 permite usar e abusar dos separadores do navegador, do Word e dos programas mais típicos com um nível de produtividade sem momentos de lentidão de maior. Só quando nos entusiasmamos e chegamos aos 30 ou 40 separadores abertos começamos a sentir o ‘peso’.
Ou seja, sentimos uma performance superior a portáteis da mesma gama e muito adequada para trabalho escolar ou para o teletrabalho que não inclua níveis exigentes processamento de vídeo ou imagem. Não é nada ruidoso para este nível de portáteis, mas se puxarmos mais por ele ouve-se a ventoinha, como seria de esperar.
Tem ainda a seu favor a funcionalidade Huawei Share, que permitir, por exemplo, passar fotos do telemóvel (tem de ser Huawei) para o portátil bastando para isso encostar o primeiro à superfície do segundo, bem como permite replicar o próprio telemóvel no ecrã do computador.
A bateria de 56Wh também é um ponto a favor, já que num uso normal consegue-se chegar às 9h de utilização sem ligar à tomada, além disso a meia hora de carregamento dá para quase 50% de bateria.
Preço no sítio certo
Com um preço de 699 euros, que é menos 400 euros do que um Microsoft Surface Laptop e menos 500 euros do que um MacBook Air da Apple, a Huawei consegue um portátil eficaz para a maioria dos utilizadores e bem acessível.
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