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Saiba porque o mundo dos carros voadores-robô está à espreita

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Os veículos voadores preparam-se para expandir a revolução que está a acontecer na mobilidade. Elétricos, partilhados e autónomos é o objetivo e Uber, Boeing e companhia estão a investir. Falámos com um dos pioneiros na área, o cofundador da Volocopter, já com um serviço de táxis aéreos em teste.

Os filmes já nos tinham mostrado o caminho, mas a realidade começa agora a ganhar dimensão de revolução da mobilidade aérea. Os carros voadores são, na verdade, presença frequente no cinema há várias décadas, especialmente de ficção científica. O primeiro exemplo é de 1961, quando uma experiência científica no filme O Professor Distraído cria uma borracha especial que ajuda o Ford Model T a voar, mas pouco depois foram os desenhos animados Jetsons a nos darem essa visão de veículos pessoais voadores.

Mas há exemplos mais memoráveis no imaginário mais recente. Além do que vimos em Star Wars com bons exemplos de veículos voadores ou que simplesmente pairam no ar, há dois filmes dos anos 1980 com soluções mais próximas da nossa realidade tecnológica atual. 

Em Blade Runner, de 1982, Deckard (Harrison Ford) e outros que tais, viajam em veículos que tanto podem andar sobre rodas ou voar e com aspeto bem parecido com os modelos atuais. O mesmo vimos em Regresso ao Futuro 2 (1989). Marty McFly (Michael J. Fox) e o Doc Brown (Christopher Lloyd) viajam num DeLorean transformado em carro voador até ao ano de 2015, uma época (imaginada) onde os carros voadores são uma realidade assumida e onde existem mesmo autoestradas áreas. 

Vimos exemplos semelhantes, onde se incluem aí carros-robô que se conduzem sozinhos, em Desafio Total (1990), filme onde a humanidade já vive e viaja até Marte e é protagonizado por Arnold Schwarzenegger, ou também em O Quinto Elemento, de 1997, protagonizado por Bruce Willis e Mila Jovovich e onde não faltam táxis voadores e McDrives aéreos, para os condutores deste tipo de veículos de mobilidade pessoal.

Só mais recentemente começam a ver-se, com capacidade de vingar a nível comercial, algumas das ideias que apareceram em Regresso ao Futuro e companhia aplicadas à realidade e a tecnologia é o grande motor dessa realidade. Existem várias empresas conhecidas a investir naquele que promete ser um dos capítulos mais entusiasmantes da mobilidade urbana do futuro próximo, que promete ser além de elétrica – com veículos 100% elétricos a circular e sem poluir de forma direta o ambiente -, autónoma – com os veículos a conseguirem conduzir sozinhos e sem intervenção humana -, partilhada e vertical (seguir para o céu). 

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O primeiro serviço de táxi-voadores

Se os automóveis normais estão a tentar seguir esse caminho, que torna cada vez menos necessária a posse de automóvel nas cidades, no céu as opções são ilimitadas e, como nos explica Alex Zosel, potencialmente mais fáceis a nível de veículos-robô.

O engenheiro alemão cofundador da empresa de táxis aéreos Volocopter trabalha na área há mais de uma década e, só agora, começa a ver o sonho a tornar-se cada vez mais numa realidade. “Voar é um sonho quase tão antigo quanto a humanidade e hoje temos a tecnologia para tornar as viagens pessoais fáceis e num serviço integrado nas cidades”, explicou-nos Zosel. A Volocopter quer ter nos próximos cinco a 10 anos um serviço de táxis aéreos autónomos a circular de forma segura por algumas cidades mundiais. 

O objetivo ficou mais perto da realidade quando a autoridade aérea europeia certificou, em outubro passado, o veículo VTOL (vertical take off and landing) para transporte aéreo. O modelo 100% elétrico tem espaço para dois ocupantes e beneficia de 18 rotores ao estilo drone “que o torna muito mais seguro do que um helicóptero ou uma avioneta”. Será agora na parte final de 2019 será testado em Singapura, depois de já ter passado por testes em ambiente real no Dubai. 

Zosel diz-nos que espera estar numa dezena de cidades na próxima década, sendo que o Dubai, Singapura e algumas cidades alemãs devem ser os primeiros clientes já em 2020. O engenheiro alemão admite ainda que uma viagem neste drone-táxi-autónomo deverá custar cerca do triplo da tarifa de um táxi. Com 30 km de autonomia e sem necessidade de pista (levanta na vertical e de qualquer ponto da cidade), “vai ser rápido torná-lo autónomo porque já temos a tecnologia e é mais fácil e seguro ter veículos voadores assim do que automóveis sujeitos a peões e outros seres imprevisíveis”.

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Airbus, Boeing, Uber e companhia

Como em qualquer outra área com forte potencial comercial, as grandes empresas estão atentas ao futuro da mobilidade urbana vertical, que é como quem diz, aérea. A Airbus está a desenvolver em parceria com a Audi um protótipo de carro voador cujos primeiros esboços até já passaram pelo Salão de Genebra. O habitáculo será para dois ocupantes e pode ser acoplado a uma base sobre rodas ou a um módulo de voo, terá oito motores elétricos e autonomia de 50 km. Já a rival da europeia Airbus, a norte-americana Boeing está a preparar o seu veículo voador para ser totalmente autónomo e começou já este ano a fazer testes pelos ares. Terá hélices para planar, como um helicóptero. 

A tecnológica Uber tem feito experiências com a Bell Nexus, empresa de helicópteros, e com a Embraer com alguns modelos voadores. O objetivo da empresa de mobilidade partilhada é fazer um serviço de táxis aéreos autónomos no futuro próximo. Mas a Uber não é a única empresa tecnológica que tem alterado a mobilidade das cidades como as conhecemos a ter planos para veículos aéreos. Um dos cofundadores da norte-americana Lime, que trouxe a moda das trotinetes elétricas para a Europa e para Portugal, admitiu-nos recentemente que a empresa também está a estudar – se a tecnologia o permitir e tornar-se barata -, disponibilizar além de carsharing, veículos aéreos autónomos na sua oferta de mobilidade.

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Carros voadores para compra

Como carro voador disponível para compra, a empresa Terrafugia (que agora pertence ao grupo chinês Geely), arrancou este ano com a venda daquele que foi apelidado como o primeiro carro voador à venda. O veículo que se transforma de um carro numa avioneta chama-se Transition, tem um conceito diferente do que usa a Volocopter – precisa de pista para descolar e aterrar – e permite dois ocupantes. A holandesa Pal-V também criou um carro autónomo para chegar ao mercado este ano. O Liberty é para dois ocupantes, custa 320 mil euros e anda na estrada e nos ares (onde tem autonomia de 500 km).

Em Portugal, o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), em Matosinhos, tem um projeto que usa um conceito mais próximo do Volocopter, por voar como um drone e ser elétrico. O protótipo chama-se Flow.me, vai permitir quatro ocupantes, autonomia de três a seis horas, e só fica pronto em 2022.

No sonhador mundo da mobilidade aérea, há ainda várias opções a serem testadas – muitas a usar o modelo dos drones -, mas os novos veículos e serviços associados parecem ter, cada vez mais, asas para voar.

(este artigo saiu inicialmente na revista 1864, do Diário de Notícias de 17 de agosto de 2019, subordinada ao tema “voo”)

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