Líder mundial em robôs colaborativos, Universal Robots abriu escritório no Porto numa altura em que “mercado português cresce 70% ao ano e já vale 25% do negócio ibérico”, diz responsável Jordi Pelegrí. Empresa está a criar ecossistema e conta com apoio de talento nacional.
Há muito que a robótica promete levar uma eficiência sem paralelo nas fábricas (e não só) e ocupar empregos aos milhões, até porque os robôs podem trabalhar 24 horas por dia e sete dias por semana. Nesse contexto, os cobots, ou robôs colaborativos “permitem uma colaboração segura e fácil entre humanos e robôs, que podem trabalhar lado a lado e estão a ter um papel cada vez mais importante na transformação industrial”. É isso que nos explica Jordi Pelegrí, Country Manager da Universal Robots (UR) para Espanha e Portugal.
A empresa dinamarquesa criada em Odense em 2005, foi adquirida em 2015 pela gigante americana Teradyne Inc por 285 milhões de dólares, é a atual líder do mercado de cobots a nível mundial, com 60% do setor e já vendeu um total de 35 mil de cobots. A UR está na Península Ibérica desde 2014 e este ano abriu o primeiro escritório em Portugal, no Porto, liderado Miguel Oliveira “graças ao crescimento da operação que cresce, tal como a empresa a nível mundial, acima dos 70% ao ano”.
A nível ibérico o mercado português “já vale 25% dos cobots vendidos”, sendo que a UR controla 80% dos cobots vendidos na península. Sem entrar em pormenores locais, Jordi Pelegrí admite que se o crescimento continuar como está, vão empregar mais pessoas em Portugal em breve e elogia a parceria com a EPL – Mecatrónica & Robótica, PME de São João da Madeira (e Lisboa) que tem ajudado na distribuição dos cobots em Portugal.
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Robôs vão liderar tarefas no planeta em cinco anos
Numa indústria que prospera a olhos vistos, o engenheiro espanhol que está há três anos na UR, após passagem pela Schneider Electric, admite que a evolução deste setor o tem surpreendido. O mercado tem crescido 60% ao ano, especialmente nos últimos cinco anos, enquanto a UR cresce 70% todos os anos desde e “assim deve continuar pelo menos até 2025”. A consultora Loup Ventures estima que em 2025, os cobots serão responsáveis por 34% das vendas de robôs à escala internacional e terão um volume de negócios de 13 mil milhões de dólares.
Um estudo recente, do instituto americano MIT, indica que a colaboração entre os robôs e as pessoas aumenta a produtividade nos processos de produção em 85% em comparação com o trabalho em separado. Outros relatórios mostram a tendência: 45% do tempo dos trabalhadores poderia ser automatizado através da adaptação da tecnologia actual (McKinsey Global Institute); nos próximos cinco anos já haverá mais tarefas executadas por máquinas do que por seres humanos (previsões do Fórum Mundial Económico).
Mas há exemplos de flops: a prometedora empresa de cobots, ReThink Robotics, sediada em Boston, abriu falência em 2018 e vários dos seus engenheiros foram contratados precisamente pela UR.
E o que fazem os braços robóticos da Universal Robots?
A versatilidade é a palavra chave. Estes braços robóticos articulados podem ser personalizados através de acessórios ou de programação simples e podem executar tarefas de absoluta precisão em vários setores. As funções mais requisitadas no mercado português são de tarefas de soldadura e afins na indústria metalúrgica, na logística, com empacotamento ou colocação de caixotes em palotes, ou acabamentos na indústria automóvel, onde têm o apoio da portuguesa Introsys, que opera, por exemplo, na AutoEuropa, ou até na elaboração de circuitos eletrónicos (algo que requer grande precisão).
Ainda não têm modelos na industria têxtil portuguesa, ao contrário do que acontece a nível global, onde também operam na construção, saúde (inclusive em hospitais ou farmácias, na distribuição de medicamentos) e alimentação, com braços robóticos já preparados para cozinhar – vão ter soluções num restaurante que abre no final do ano em Madrid.
Têm cobots a operar também em museus, na montagem de montras e na indústria audiovisual – o Canal Plus francês usa estes braços robóticos para movimentar câmaras no estúdio. “Há medida que os sistemas são consolidados, não é preciso inovar tanto e umas indústrias copiam os exemplos de outras para integrar os cobots”, diz Pelegrí. Há ainda exemplos de braços robóticos da UR usados pela NASA e um deles foi usado em novembro de 2018 para abrir a bolsa nova-iorquina, no dia em que estreou um índice de robótica.
O preço de um dos três braços robóticos disponíveis – o último é o E-Series – oscila entre os 20 mil e os 35 mil euros, que inclui ainda a base, o software e o monitor de controlo. “As Pequenas e Médias Empresas (PME) conseguem um retorno rápido, entre os seis meses a dois anos, dependendo da complexidade dos sistemas”, explica o engenheiro que admite que o “boca a boca” em Portugal tem dado bom resultado em mostrar “a eficiência incrível”. As empresas que adoptam o cobot “conseguem facilmente mostrar que ter um robô a trabalhar 24h por dia e que consegue passar cinco anos sem manutenção tem um potencial ilimitado”.
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Ecossistema de parceiros Universal Robots Plus
O próximo passo é fazer crescer um ecossistema com parceiros para estes cobots, chamado Universal Robots Plus, que reúne já 250 empresas. Em Portugal, contam com a WRK – empresa criada em 2011 que constrói máquinas para a indústria – e a Introsys, que constrói sistemas focados na indústria automóvel (fornece cobots para fábricas da Volkswagen – inclusive Autoeuropa, a sua sede é inclusive ao lado da fábrica de Palmela – BMW e Mercedes).
“É um pouco como o iPhone com as suas apps, nós damos a base, mas estas empresas acrescentam depois software ou criam acessórios como garras que acrescem aos robôs e podem mesmo dar mobilidade ao modelo ou até visão, para saber onde anda”, diz Pelegrí.
O responsável ibérico admite que a empresa tem sido surpreendida com usos que nunca imaginaram possíveis que alguns dos parceiros dão aos cobots e vaticina um futuro risonho para o negócio. Ainda assim, também indica: “outros empregos vão ser criados nesta era de automatização e o que os cobots nos ensinam é que a colaboração entre humanos e robôs no trabalho faz todo o sentido, já que os humanos passam a ter mais tempo para fazerem funções menos mecânicas onde podem dar um maior contributo”.
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