O Facebook está a preparar uma integração dos serviços de mensagens da empresa, do WhatsApp ao Instagram, passando pelo Facebook Messenger, embora possa só acontecer em 2020. A União Europeia vê a possibilidade com preocupação.
Não é propriamente uma surpresa. O Facebook, como a rede social com mais utilizadores do planeta (2,2 mil milhões), tem perdido popularidade junto dos jovens e tem procurado, nos últimos meses, uma ligação mais direta entre Instagram o próprio Facebook. Essa será uma das formas que Mark Zuckerberg encontrou para tentar aliciar os utilizadores do Instagram para o Facebook, já que é cada vez mais fácil (as sugestões têm sido constantes), partilhar no Facebook o que colocámos no Instagram.
Estas alterações para dar força ao Facebook (especialmente nas Stories) intensificaram-se por volta da mesma altura em que os fundadores do Instagram saíram da empresa, em desacordo com a política mais recente de Zuckerberg relativamente à rede social de fotografias que criaram. O Facebook é dono do Instagram (criada em 2010 e desde 2012 que pertence à rede social de Mark Zuckerberg) e do WhatsApp (lançado em 2009 e desde 2014 uma subsidiária do Faceboook) e, desde o início, tem mantido uma postura de manter as marcas independentes.
Mas é isso que parece estar a mudar. O New York Times deixou o aviso há uns dias: Mark Zuckerberg quer integrar os serviços de mensagens do WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger. Embora os serviços continuem com apps distintas, a infraestrutura técnica pode, assim, ser unificado, o que colocaria este trio conjunto de serviços de mensagens instantâneas um gigante com 2,6 mil milhões de utilizadores – permitindo que as pessoas comuniquem pela primeira vez entre plataformas, sem mudar de app.
Face às recentes polémicas em torno da privacidade no Facebook (a mais recente envolve uma app que pagava a jovens para ter acesso aos seus dados, já expulsa do iOS), a notícia foi recebida com algumas críticas. Entretanto, Zuckerberg explicou esta quarta-feira, durante a apresentação de resultados da empresa (com boas notícias a nível de receitas), que ainda não há certezas sobre esta integração, confirmando que há planos nesse sentido.
“Há muito que ainda temos de perceber, antes de finalizarmos os planos. Isto vai ser um projeto de longo prazo, que acho que só será algo para 2020 ou depois”, explicou o CEO do Facebook. Zuckerberg explicou ainda que, mais do que uma medida a pensar nos benefícios comerciais para a empresa, acontece também devido a preocupações com a encriptação de dados. “Queremos uma encriptação por defeito nos nossos produtos de mensagens”, explicou o responsável que também vê vantagens para os utilizadores na integração dos serviços de mensagens instantâneas.
A Comissão de Proteção de Dados Irlandesa tem uma visão um pouco diferente e alertou na segunda-feira o Facebook para que quaisquer possíveis mudanças que possam estar a ser planeadas devem ser comunicadas. A instituição que regula a operação do Facebook na União Europeia pediu mesmo “um briefing urgente”. A tal comissão pede garantias prévias à empresa, já que a medida por ter implicações no âmbito do novo RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados).
Dentro das críticas, algumas de senadores norte-americanos, são levantadas questões que podem comprometer a competitividade e a privacidade.