Twitter cria equipa interna para criar modelo de subscrição, que pode trazer uma versão paga para a rede social com 330 milhões de utilizadores.
É um dos eternos dilemas das redes sociais, desde que existem de forma massificada na internet e se tornaram num dos principais espaços públicos de comunicação, já no século XXI – de forma mais global há pouco mais de 10 anos. O modelo atual das redes sociais está totalmente assente em receitas publicitárias, onde o Facebook é rei e senhor não só pelo número de pessoas presentes – 2,6 mil milhões de utilizadores ativos mensalmente (dados do próprio Facebook), 33% da população humana do planeta – mas também pela eficácia dos seus algoritmos a adequar a publicidade para os gostos de cada um.
Scott Galloway, autor e professor de marketing e comentador influente nos EUA (ganhou fama pelos podcasts), é também um antigo investidor do Twitter e há várias semanas que vem a apelar à administração da empresa que tente implementar um modelo de subscrição, com uma parte paga e outra gratuita com menos opções.
Na prática, seria tornar o modelo atual parecido com o do Facebook, mais próximo da Spotify ou do LinkedIn – o caso da Netflix é um pouco diferente por não ter opção gratuita, nem ter nenhuma modalidade com publicidade. Da lista de vantagens, para Galloway, está a possibilidade de se limitar o discurso de ódio na plataforma e eliminar algumas das desvantagens do modelo assente em publicidade, como a necessidade de ter o algoritmo a promover mais interações para ajudar os anunciantes a terem maior exposição – algo que, dizem investigadores, potencia o discurso de divisão inflamado.
Os desejos de Galloway podem estar mais perto de se realizar, já que o Twitter parece ter criado uma equipa interna para construir “uma plataforma de subscrição ou assinatura”. Isso mesmo foi revelado através de sites de busca de emprego, já que o Twitter está a recrutar engenheiros para uma equipa com nome de código “Gryphon” precisamente com esse propósito.
A descrição da oferta de trabalho, de acordo com o site The Verge, diz mesmo que a possível modalidade de assinatura é algo “inédito” para o Twitter, mas não esclarece como poderá ser implementado e em que moldes. A esmagadora maioria das receitas do Twitter
A publicação da oferta de trabalho indica que possíveis assinaturas do Twitter seriam “inéditas” para a empresa, mas não está claro qual seria a estratégia para o Twitter implementar um serviço de subscrição. O mais provável será mesmo disponibilizar conteúdo ou opções exclusivas para subscritores mensais.
Atualmente, o Twitter, com mais de 330 milhões de utilizadores mensais gera a esmagadora maioria das suas receitas através de publicidade na plataforma – são 86% dos 3,4 mil milhões de dólares de receitas em 2019, o resto vem acima de tudo de licenciamento de dados.
Há alguns anos a empresa já tinha feito alguns inquéritos para perceber se os utilizadores estariam disponíveis para pagar por opções como alertas ou notificações no telemóvel, análises analíticas aprofundadas ou informações sobre os seguidores de uma outra conta. Nesta altura, algo semelhante só é feito pelo LinkedIn, uma rede social mais focada na área empresarial e profissional e que pertence desde 2016 à Microsoft (a troco de 26 mil milhões de dólares – 23 mil milhões de euros).