TikTok. Microsoft namora a app do momento mas negócio promete ser atribulado

Foto: EPA/HAYOUNG JEON

Com a continuidade do TikTok em cheque nos Estados Unidos, a Microsoft assumiu o interesse no negócio. Dona do Windows poderá ganhar um novo lugar ao sol no panorama das redes sociais.

Promete não ser uma negociação fácil, mas os obstáculos poderão compensar quando o prémio são milhões de utilizadores jovens – faixa etária que já provou ter gostos muito próprios em redes sociais. Depois de Donald Trump ter anunciado que pretende banir a chinesa TikTok, que permite criar vídeos curtos com música e efeitos nos EUA, a app tornou-se no centro de uma discussão entre Washington e Pequim, mais política do que tecnológica. O presidente dos EUA justificou esta intenção com preocupações de segurança nacional que, como seria de esperar, foi fortemente contestada pelo governo chinês. Pouco depois, a Microsoft anunciou ao mercado o interesse em comprar a filial nos Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Austrália.

E assim começou uma novela com direito a reviravoltas, que já deu numa ordem executiva contra o TikTok e contestações com ameaças de tribunais. Numa semana, as negociações entre Microsoft e ByteDance, dona do TikTok, foram anunciadas e suspensas, para logo depois merecerem luz verde de Trump.

Mas a aprovação chegou com um senão: um prazo de 45 dias para conclusão do negócio, que deverá estar terminado até dia 15 de setembro. Além disso, o presidente americano já avisou que o Tesouro norte-americano quer uma fatia do negócio, defendendo que, caso não tivesse “criado a oportunidade”, a tecnológica não teria iniciado conversações com o TikTok. Os especialistas apontam que a compra poderá valer 30 mil milhões de dólares, tendo em conta o potencial da app e utilizadores.

Comissões à parte, as negociações continuam a decorrer e, de acordo com o Financial Times, com outra novidade. Com as operações divididas entre a Douyin, versão chinesa, e o TikTok, a opção disponível noutros mercados, a Microsoft terá mostrado interesses mais amplos, com a possibilidade de adquirir o negócio global, abarcando já a operação da Índia e da Europa. O TikTok reforçou o compromisso para com o mercado europeu: vai instalar o primeiro data center na região, com um investimento de 420 milhões de euros na Irlanda, até 2022.

Se à primeira vista este interesse da Microsoft pode parecer pouco alinhado com a posição atual de empresa consolidada no mercado de software profissional e produtos de hardware, esta poderá ser uma forma de a dona do Office ganhar tração nas redes sociais. Embora tenha comprado o LinkedIn por 26 mil milhões em 2016, esta é uma rede social focada no mundo do trabalho. A aquisição do TikTok poderia colocar a tecnológica no competitivo segmento das redes sociais viradas para o consumidor, onde Facebook e, através do YouTube, Google têm primazia. E com milhões de utilizadores, representaria um novo filão de dados para a Microsoft.

A presença que a empresa tem na China, desde os anos 1990, poderá representar um trunfo na manga para a negociação.

Lançado em 2017, o TikTok explodiu durante o confinamento.

Tiktok já não é só para jovens – também é onde marcas querem estar