Falámos com George Yanni, o criador da lâmpada inteligente da Philips Hue, sobre o futuro da iluminação nas nossas casas.
Chama-se George Yianni e tem no seu currículo a invenção (com Filip Jan) das lâmpadas inteligentes em LED Philips Hue e foi responsável por fazer o que chamava banda sonora luminosa para filmes. O diretor de tecnologia da Philips Hue (que agora é também Signify) acredita que a chamada Internet das Coisas, ou IoT, começa precisamente com a iluminação das nossas casas.
O sistema das lâmpadas LED da Philips Hue, que já tivemos oportunidade de testar, permite controlar estes pequenos gadgets luminosos através do smartphone (tem uma app própria). Podemos, assim, não só determinar a nível da intensidade e a cor da lâmpada, mas também o modo de iluminação para cada divisão da casa. É fácil através da app fazer ligação remota com as lâmpadas, para ligá-las ou desligá-las ou inclusive colocar temporizadores. O sistema funciona muito bem (dá para ligar aos assistentes digitais da Google ou Amazon), mas requer algum tempo para montarmos tudo. Também precisa de mais uma tomada lá de casa para ligar a pequena central de controlo.
Vamos então à entrevista.
Quais são os produtos atuais mais inovadores da Philips Hue?
A Philips Hue tem como objetivo transformar a forma como a iluminação é usada nas casas das pessoas. No início deste ano, lançámos o Hue Sync, que permite que os utilizadores sincronizem conteúdo de vídeo ou entretenimento musical com o seu sistema de iluminação, criando assim efeitos de luz. Este é o primeiro sistema que permite este tipo de experiência na iluminação. Além disso, continuamos a inovar em projetos de fontes de luz de matiz, trazendo pela primeira vez iluminação conetada desenhada para o espaço ao ar livre.
Como é que o utilizador normal pode beneficiar de alguns destes produtos da Philips Hue num dia normal?
A Philips Hue pode alterar a forma como as pessoas experienciam a iluminação de várias maneiras. Muitos utilizadores começam o dia com as Philips Hue, usando-as para acordar de forma mais natural, com luzes a aumentar gradualmente. Podem, assim, acordar a própria casa com configurações de luz personalizadas de forma a combinar com os seus gostos em design de interiores. Isso pode incluir detalhes em cores ou tons de luz branca. Quando saem de casa, o sistema Hue pode captar isso e desligar automaticamente as luzes para poupar energia. Quando os utilizadores voltam a casa, as luzes podem ligar automaticamente com base na localização dos utilizadores criando um ambiente acolhedor. Quem tem o sistema Hue nunca vão voltar para uma casa escura. À noite, a sala de estar pode ser transformada num espaço para relaxar, com a redução das luzes e ajuste com cores quentes e aconchegantes. Se vai de férias, a Hue pode simular a sua presença em casa para afugentar intrusivos, oferecendo paz de espírito. Se está a dar uma festa, pode transformar a casa numa discoteca. As possibilidades são quase ilimitadas.
A era dos comandos de voz e assistentes digitais (Alexa e Google) mudou o seu trabalho e a estratégia?
Os assistentes digitais têm sido fantásticos para a iluminação inteligente, fornecendo uma maneira intuitiva para as pessoas interagirem com as suas casas. Os assistentes digitais não mudaram a nossa estratégia, mas ao associar-nos a essas plataformas, conseguimos desbloquear novos tipos de uso e há experiências que são aceleradas! A voz tornou-se relevante como forma das pessoas controlarem a iluminação. Apesar disso acreditamos que funciona melhor em conjunto com aplicativos móveis que permitem a criação e configuração de conteúdo mais simples para os aparelhos inteligentes e os sensores.
Quais são os principais objetivos da empresa em termos de tecnologia?
Na Signify acreditamos que a tecnologia deve ser um facilitador invisível e o seu principal objetivo é fazer com que experienciar algo com mais valor a nível de iluminação seja fácil. Há, por isso, muita tecnologia nesta missão de tornar tudo fácil e intuitivo. Os novos grandes objetivos passam miniaturizar ainda mais a conectividade sem fios e a tecnologia de controle de iluminação para permitir um controlo poderoso e eficiente de energia da iluminação, mesmo nos tipos de lâmpadas mais pequenos, sem comprometer a qualidade da luz. Também estamos muito concentrados na tecnologia que facilita a interação com o utilizador, algoritmos e interfaces para o cliente final que lhe permita criar facilmente cenas de luz que costumavam levar dias de trabalho de especialistas.
O que será disruptivo, na sua opinião, na típica casa recheada de gadgets IoT nos próximos anos?
Esperamos que a maior transformação no IoT para consumidores seja na área da automação, que irá tornar-se cada vez mais automática e irá aprender com os padrões de uso de cada um, numa interação com a sua própria casa sem esforço. Na verdade, achamos que a sua casa inteligente deve ser algo que o apoie e melhore a forma como vive, em vez de ser mais uma coisa que tem de controlar. Os avanços em machine learning e inteligência artificial estão a levar-nos para essa área. Não esperamos um grande impacto no controle de iluminação residencial com o 5G, porque esperamos que a tecnologia de comunicação principal nas casas seja uma rede de área pessoal dedicada, como a ZigBee conectada a um backbone de internet central, que é a arquitetura que usamos hoje.
Quais são os novos produtos prontos para serem lançados e quais os projetos / protótipos que mais o entusiasman?
Os nossos produtos mais recentes mais entusiasmantes estão relacionados com a iluminação externa. Esta sempre foi uma área da casa que não pudemos tocar e agora podemos torná-la numa extensão do espaço conectado, mesmo durante a noite. Eu também vejo um potencial enorme noutra área em que estamos a trabalhar, relacionada com aprimorar a iluminação para entretenimento. Acredito que o nível de imersão e de experiência que é possível atingir vai mudar por completo o mundo do entretenimento caseiro, algo que pode ser alcançado com ajuda dos sistemas de som surround predominantes atualmente.