Motor de busca deixou de estar disponível na China em 2010. ‘Relançamento’ da ferramenta na China pode acontecer no início de 2019.
A Google estará a desenvolver uma versão dedicada do seu motor de busca para a China e que vai censurar conteúdos de temas relacionados com os direitos humanos, democracia e religião. A notícia é avançada pela publicação The Intercept, que cita documentos confidenciais da tecnológica e alguém próximo deste alegado plano.
A mesma reportagem revela que o diretor executivo da Google, Sundar Pichai, terá tido um encontro em dezembro de 2017 com Wang Huning, uma figura de relevo no partido comunista chinês. A Google já reagiu e diz que “não comenta especulações sobre os seus planos futuros”.
O motor de busca em questão, que terá o nome de código Dragonfly, estará a ser desenvolvido desde a primavera de 2017. O motor de busca vai ser disponibilizado através de uma aplicação móvel e um protótipo já terá sido mostrado a representantes do governo chinês. O The Intercept avança que a aplicação poderá ser lançada nos próximos seis a nove meses.
A publicação explica ainda que este motor de busca vai automaticamente identificar e filtrar os sites que sejam bloqueados pela Grande Firewall da China, um sistema tecnológico que bloqueia e censura milhares de páginas web.
Em teoria, esta versão dedicada do Google vai omitir determinados sites dos resultados da pesquisa, que deverá ter o aviso “alguns resultados podem ter sido removidos devido a requisitos legais”. Entre os sites que vão ser filtrados estão a Wikipédia e a BBC, revela o The Intercept.
Leia também | Imagina a sua vida sem a Google? Com estas alternativas é possível
O algoritmo que for aplicado vai funcionar não só no motor de busca, mas também no motor de busca de imagens e nas sugestões de correção feitas nas pesquisas.
Caso venha a acontecer, o lançamento deste motor de busca pode representar para a Google uma mudança radical de atitude. O motor de busca da empresa está bloqueado na China desde 2010, depois de a tecnológica ter cedido a pressões de políticos norte-americanos que acusavam a empresa de compactuar com a censura imposta pelo regime chinês.
“A nossa objeção é para com as forças do totalitarismo [na China]”, disse Sergey Brin, numa entrevista ao The New York Times em 2010, a propósito da ‘retirada’ do motor de busca no país asiático. Na altura, o cofundador da Google considerou que a decisão iria ajudar a criar uma internet mais aberta.
Atualmente existem perto de 770 milhões de internet na China e a esmagadora maioria – em 2017 mais de 90% – acedem à internet através de dispositivos móveis.