Cofundador do WhatsApp volta a apontar o dedo à ‘sede’ da rede social em querer fazer negócio com base nos dados dos seus utilizadores.
Brian Acton é um dos cofundadores do WhatsApp, plataforma de mensagens instantâneas que foi vendida ao Facebook em 2014 por 19 mil milhões de dólares. Mas desde que deixou a tecnológica, três anos depois, o empreendedor tem sido particularmente crítico da rede social. Num discurso na Universidade de Harvard, nos EUA, Brian voltou a pedir que, sobretudo os jovens, abandonem a rede social, como cita a publicação BuzzFeed.
“Nós demos-lhes poder [às tecnológicas]. Essa é a parte má. Nós compramos os seus produtos. Nós registamo-nos nestes websites. Apaguem o Facebook, certo?”.
Esta não foi a primeira vez que o responsável fez o pedido. Em 2018, depois do escândalo de privacidade que ficou conhecido como Cambridge Analytica e que afetou quase 90 milhões de utilizadores, Acton aderiu ao movimento #deletefacebook (apaga o Facebook, em tradução livre).
Na base das críticas e dos pedidos de abandono da rede social está o modelo de negócio no qual o Facebook ganha dinheiro através da perfilação minuciosa dos seus utilizadores, método que só é possível através de uma extensa recolha de dados.
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As críticas de Brian Acton podem parecer irónicas, sabendo que o responsável lucrou de sobremaneira com a venda da sua empresa ao Facebook, mas o próprio faz um mea culpa da situação. “Eu vendi a privacidade dos meus utilizadores para um benefício maior”.
“Se olhares para a cultura de Silicon Valley as pessoas perguntam ‘Podias não ter vendido?’ e a resposta é não”, explicou aos estudantes. “Eu tinha 50 empregados, tinha de pensar neles e no dinheiro que fariam com esta venda. Tinha de pensar nos nossos investidores e tinha de pensar na minha posição minoritária. Eu não tinha a influência total para dizer não caso assim o quisesse”.
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Brian Acton recordou depois o modelo de negócio que o WhatsApp tinha – cobrar um dólar por um ano de utilização do serviço – e em como isso não encaixa no perfil da grandes tecnológicas. “Se tens mil milhões de utilizadores, vais ter mil milhões de dólares em receitas. Não é isso que a Google e o Facebook querem. Eles querem milhares de milhões de dólares”.
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