Cem jogadores e um só objetivo: ser o único sobrevivente. Bem-vindo ao todos contra todos em videojogo.
Em títulos como ‘Player Unknown Battleground’s (PUBG)’ ou ‘Fortnite’, cem jogadores caem numa ilha, em simultâneo e sem qualquer recurso, com o objetivo de recolher armamento e eliminar os adversários. No mundo dos videojogos, é Brendan Greene quem se destaca como criador do género, já que foi o “mod” (modificação não oficial) usado em Arma II que fez tudo começar – e esta foi a base para PUBG, jogo que popularizou o género.
Ao fenómeno juntou-se Fortnite que, por ser gratuito e menos exigente ao nível técnico, globalizou o género. Juntos, e em menos de dois anos, já geraram receitas de mais de 190 milhões de euros.
A fórmula para o sucesso
“O conceito em si é bastante apelativo, com batalhas caóticas com inúmeros jogadores, em que a sorte e o acaso são fatores a ter em conta”, explica Ricardo Mota, professor de criação de videojogos no Instituto Politécnico da Maia. Imprevisibilidade é o primeiro ingrediente desta fórmula de sucesso.
O segundo? A competição. “Principalmente a questão de existir um reward, que não é somente um item no jogo, é uma recompensa social: o jogador poder sentir que foi o melhor entre cem pessoas que estão naquela batalha”, diz Maria João Andrade, psicóloga clínica e fundadora da Grinding Mind, a Associação para Promoção de Vivência Saudável da Atividade de Videojogos.
E, por fim, o terceiro ingrediente: a componente social, já que muitos jogadores jogam frequentemente com amigos – mais de 40%, indica a Entertainment Software Association.
“[Agrada-me a] variedade de cenários possíveis em cada jogo”, conta-nos JohnCoOpr, jogador de PUBG.
Já Kurt99 diz-nos que aquilo de que gosta mesmo é do “facto de cada partida ser diferente” e AssAssin_PT que valoriza o “trabalho de equipa e a rotatividade a nível de cenário e loot [espólio]”.
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Também João darkzonee Narciso, Twitch streamer português, elege o género como preferido. Começou com o jogo H1Z1 (diz que foi amor à primeira vista) e, atualmente, podemos encontrá-lo a consumir grandes doses de adrenalina no Fortnite. “Gosto de jogar sozinho. Sinto mais adrenalina quando fico entre os últimos dez jogadores. Começas a pensar que se fizeres tudo bem, tu, entre cem jogadores, ficarás em primeiro”, revela.
“Só quem experimenta é que vai entender o porquê da popularidade”, conta-nos Valter Shootsgud Gomes, também ele streamer na Twitch, mas de PUBG. “Cada jogo é único e diferente, e é muito gratificante ser o melhor”, conclui. É, de facto, uma experiência singular – acreditem, quem vos escreve é fã de Battle Royale.
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Este artigo foi originalmente publicado na edição de julho de 2018 da revista Insider, com o título ‘Battle Royale. O fenómeno dos jogos’.